Domingo, 28 de Abril de 2013
III Congresso da Oposição Democrática, Aveiro, abril de 1973
Temos de fazer face a tarefas inadiáveis. Enquanto as Forças Armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e Moçambique (...) não nos é lícito afrouxar a vigilância na retaguarda. (...) Disse há pouco da minha preocupação imediata em assegurar a continuidade. (...) Mas continuar implica uma ideia de movimento de sequência e de adaptação. A fidelidade à doutrina brilhantemente ensinada pelo doutor Salazar não deve confundir-se com o apego obstinado a fórmulas ou soluções que ele algum dia haja adoptado. (...) A consequência das grandes linhas da política portuguesa (...) não impedirá, pois, o Governo de proceder, sempre que seja oportuno, às reformas necessárias.
Marcello Caetano, Discurso de posse como presidente do Conselho de Ministros, em 27 de setembro de 1968
- Refere os indícios de renovação e de continuidade da política governativa proposta de Marcello Caetano.
Publicado por História às 22:58
De Dinis a 5 de Junho de 2012 às 16:22
Em 1968, Salazar foi substituído por Marcello Caetano no cargo de presidente do Conselho de Ministros. Entre esta data e 1974, o país viveu um clima de abertura política moderada que ficou conhecido por “Primavera Marcelista”.
No discurso de posse, Marcello Caetano dava sinais de mudança, pois, apesar de frisar a “preocupação imediata em assegurar a continuidade”, mostrava-se disposto a “proceder (…) às reformas necessárias”.
Contudo, o regime ditatorial mantinha-se: o novo presidente do Conselho pedia “sacrifícios a todos, inclusive nalgumas liberdades que desejava ver restauradas”. A Primavera Marcelista oscilou entre os indícios de renovação e a preocupação em seguir as linhas-mestras do salazarismo, o que resultou no fracasso da tentativa reformista. A PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) passou a chamar-se DGS (Direcção-Geral de Segurança) e diminuiu, durante algum tempo, a virulência das perseguições; contudo, face ao movimento estudantil e operário, prendeu, sem hesitações, os opositores ao regime. A Censura passou a designar-se por Exame Prévio; se este, inicialmente, tolerou algumas críticas ao regime, cedo se verificou que actuava nos mesmos moldes da Censura.
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