Matriz de conteúdos
Portugal: o Estado Novo
http://elchistoria.blogs.sapo.pt/18441.html
A afirmação do neoliberalismo e globalização da economia
http://elchistoria.blogs.sapo.pt/20403.html
Portugal no novo quadro internacional
http://elchistoria.blogs.sapo.pt/20614.html
Atenção: Os alunos devem ler e analisar, com particular atenção, os comentários/resumos da autoria de "História".
Relembro que os resumos não se substituem ao manual nem limitam o estudo, apenas ajudam a esquematizar os conhecimentos com um raciocínio ordenado.
Bom trabalho!
«Somos livres, mais democráticos do que 1974? Certamente que sim. Sê-lo-emos, e em que campos, mais do que o depois da entrada na Europa e a na União Monetária? Conhecendo melhor a nossa sociedade, os nossos direitos e obrigações políticas, poderemos afirmar que o povo português interiorizou na sua prática política aquelas regras mínimas que definem a democracia (regras de liberdade, de igualdade, de justiça)? Resposta é, mais uma vez, “sim”. Porem, qualquer coisa nos deixa irremediavelmente insatisfeitos. “Sim, sim”, mas… é como se o ganho em democracia ou em conhecimento da democracia que alcançamos sofresse de uma falha essencial. […]
Gostaria de insistir num ponto: o legado do medo que nos deixou a ditadura não abrange apenas o plano político. Alias, a diferença com o passado é que o medo contínua nos corpos e nos espíritos, mas já não se sente. […]
Por exemplo, o direito à cultura e ao conhecimento ainda não chegou ao sentimento da população portuguesa. […]
Numa palavra. O Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. […]
Portugal conhece uma democracia com baixo grau de cidadania e liberdade. […] Dito de outro modo: estamos longe de expressar, de explorar e portanto de conhecer e de reivindicar os nossos direitos cívicos e sociais de cidadania, ou seja, a nossa liberdade de opinião, o direito à justiça, as múltiplas liberdades e direitos individuais no campo social. […]
Digamos que o velho Portugal rural e pré-industrial fechado sobre o seu império colonial pertencia a categoria das sociedades disciplinares com as suas instituições correspondentes (escola, prisão, fabrica, exercito, Estado autoritário, etc.) A entrada de Portugal na Europa leva-o na direcção das sociedades de controlo.
Como consequência desta tensão, os hábitos de obediência e submissão que os portugueses trouxeram do autoritarismo salazarista mal começaram a desintegrar-se foram logo apanhados pelas tecnologias de controlo que surgiram. […] É, aliás, o que os discursos político, económicos, social, cultural das instituições e dos media não cessam de nos dizer. Não há outra vias (politicas, económicas, sociais), não há outra maneira de viver, de educar, de instruir, de tratar, de organizar o lazer, de viajar, de se divertir, da amar. A abertura à Europa e ao mundo oferece-nos nesta sociedade normalizada a tecnociência ao serviço da globalização.»
José Gil, Portugal, Hoje. O medo de existir, O relógio d’Agua, Lisboa, 2004
Com base na análise do documento, sintetize as bruscas mudanças políticas e sociais vividas em Portugal nos últimos 30 anos.
«Confundem, os mais cépticos globalização com empobrecimento. Ou porque as etiquetas de produtos comercializados nas lojas exibem a chancela de um país de baixo PIB per capita. Ou porque a produção industrial tende a deslocar-se para países de baixos custos. Brandem que é impossível competir com tais modelos, e que a abertura de fronteiras implicará choques civilizacionais de alcance imprevisível.
Repudio essa visão. Se é mais barato produzir fora, se o preço é variável de decisão essencial, deslocalize-se a produção. […]. Não se insista em bem produzir aquilo que chineses ou indonésios também fazem, cada vez melhor, por um terço ou metade do custo. Invista-se antes nesses países – que, alem do mais, oferecem um enorme potencial de crescimento do mercado interno a longo prazo. […].
O desafio fundamental que se coloca à nossa economia, para que esta saia ganhadora com a globalização, é o da mobilidade. Mobilidade na adopção de novas tecnologias; no acesso ao capital financeiro; por fim, quanto ao papel do Estado na economia. […].
Continuo a reclamar do Estado a demolição de estruturas que entorpecem essa mobilidade – a lei do arrendamento habitacional, o imposto de Sisa sobre imóveis, a ausência de disseminação equilibrada da administração pública pelo território, ou abolição da psicose do “emprego seguro, no Estado, para o resto da vida”».
Belmiro de Azevedo (presidente do Grupo Sonae), Expresso, Edição n.º 1567, de 2002-09-11
Avalie o impacto da globalização na economia mundial.