Sábado, 4 de Fevereiro de 2012

"Obscenidade" por Paulo Guinote

Desde ontem que evito comentar as afirmações do PM, para não me sair palavrão. Se assim é, porque tem PPC recompensado parte da clique política que nos conduziu até aqui? Será que, como outros, Passos Coelho considera que a arraia miúda é que concedeu crédito a si mesma, que especulou com o imobiliário durante mais de uma década, que tentou transformar muitas zonas do país num subúrbio contínuo, cortado por estradas que encheram os bolsos de certas elites que continuam a mamar no Estado, enquanto se apresentam os funcionários públicos, desempregados e pensionistas como os grandes beneficiários do dito Estado?

Quem não deu conta disso, que já estávamos pobres e era preciso fazer equilíbrios que nenhum Catroga, Nogueira Leite, Cardona ou Braga de Macedo alguma vez fez é quem sempre beneficiou do Estado gordo, que não precisou de andar a contar os tostões a partir de meio do mês, a saber como esticar o orçamento para a alimentação dos filhos ou como poupar nas deslocações para um trabalho precário. As pessoas que não podem usar carro por causa do preço dos combustíveis, mas a quem aumentam os preços dos transportes públicos e têm de pagar um passe que pode chegar a 20% do salário.

Que não deu conta que estamos pobres, são os jovenzinhos dos grupelhos de apoio ao ministro Relvas, em trânsito animado entre tertúlias pseudo-liberais que leram o Hayek e o Van Mises e peroram sobre o Estado Obeso e os lugarzinhos de profes na Católica que lhes caíram no regaço tantas vezes na base das redes clientelares e amiguistas, seja de uma obra ou de outra.

E quem fala nestes, também fala nos seus reflexos no espelho, a esquerda-caviar que, em devido tempo, se abarrotou de subsídios do Estado para investigações sobre a pobreza, a ditadura, a injustiça, etc. Cujas tertúlias, outrora acantonadas à Voz do operário, se espelharam por diversas universidade públicas numa rede tentacular paralela à outra.

Não é preciso ser pobre para se falar na pobreza. Mas convém existir um mínimo de decoro quando se goza com a miséria alheia.

Querem quadros dos mais negro neo-realismo, revisitado no século XXI? Para depois dizerem que se está a perder a perspectiva com casos dramáticos individuais e a não ver o grande cenário?

Tenham um pouco de decoro. Façam alguma coisa e falem o mínimo. Deixem de exibir-se e pavonear-se como donos de um país que já viu gente assim durante a decadência oitocentista. Leiam o Glória do Vasco Pulido Valente e percebam que se estão a ver ao espelho.

 

Paulo Guinote

4 de Fevereiro de 2012

Publicado por História às 15:09
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Governo Sombra de 3 de Fevereiro, TSF

Publicado por História às 15:03
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Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2012

Governo Sombra de 27 de Janeiro, TSF

Publicado por História às 15:06
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O Barroco

Publicado por História às 00:13
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O palácio de Mafra

Publicado por História às 00:11
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"The Rise of Louis XIV", de Roberto Rosselini (1966)

Publicado por História às 00:08
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Manifestações da hierarquia social no tratamento

Ao nobre [português] parece não existir nobreza semelhante à sua, pelo que julga que todos os outros lhe ficam muito atrás. Procura, em todas as coisas, fazer como fazem os reis ou príncipes (…). Em casa chama os criados pelo nome dos seus cargos: mordomo, secretário, criado de quarto, moço das cavalariças (…).

Só estuda questões de gravidade e etiqueta porque é em coisas como estas e não na virtude que consiste a nobreza. Ponderam a quem devem tratar por tu, por Vós, por Mercê, por Senhoria, por Excelência e por Alteza, porque o título de majestade ainda lá não chegou. (…)

Dão tratos à cabeça para pensar a quem devem tirar o chapéu, se meio, se por completo, se baixá-lo até baixo, se conservá-lo alto; se fazer cobrir-se aquele com quem fala ou se deixá-lo de cabeça descoberta, ou se devem cobrir-se eles próprios (…).

Estudam, por fim, que todos os seus actos sejam medidos com termos de gravidade mais do que cansativos.

 

Anónimo italiano de inícios do século XVII, “Retrato e reverso do Reino de Portugal”, in A.H. de Oliveira Marques, Revista Nova História – Século XVI, n.º 1, 1984, Editorial Estampa

 

  1. A partir da fonte, enuncia os privilégios do clero e da nobreza.
Publicado por História às 00:07
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O poder absoluto

É somente na minha pessoa que reside o poder soberano (…), é somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo, sem dependência e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais procedem, não à formação, mas ao registo, à publicação, à execução da lei, e que lhes é permitido advertir-me o que é do dever de todos os úteis conselheiros; toda a ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses da nação, de que se pretende ousar fazer um corpo separado do monarca, estão necessariamente inteiramente nas minhas mãos.

 

Resposta do rei ao Parlamento de Paris, na sessão de 3 de Março de 1766, em Flammermont e Tourneux, Advertências do Parlamento de Paris no Século XVIII

 

  1.  Com base no documento, explique os princípios da doutrina do absolutismo régio.
Publicado por História às 00:06
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A morte no centro da vida

Em 1661 [a esperança média de vida] atingiria os 25? Estes números brutais significam que, nesse tempo, tal como o cemitério estava no centro da vila, a morte estava no centro da vida. Em cada 100 crianças nascidas, 25 morriam antes da idade de um ano; 25 outras não atingiam os vinte; outras 25 desapareciam entre os vinte e os quarenta anos. Uma dezena chegava a sexagenário. O octogenário triunfante, rodeado de uma lenda que o transformava em centenário, via-se rodeado do respeito supersticioso que coroa os campeões; desde há muito perdera todos os seus filhos, todos os seus sobrinhos, assim como uma boa parte dos seus netos e sobrinhos-netos. Este sábio será olhado como um oráculo. A morte do herói tornava-se um acontecimento regional.

 

 P.Goubert, “Louis XIV et vingt millions de Français”, in P. Guillaume e J. Poussou, Demographie Historique, Paris, Liv. Armand Colin, 1970

 

  1.  Analisa a esperança média de vida, no século XVII.
Publicado por História às 00:03
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Os Não Privilegiados

Verificámos que, quase por todo o lado, o número de famílias diminuiu. (…) Que lhes aconteceu? A miséria dissipou-as. Debandaram-se para pedir esmolas nas cidades e acabaram por morrer nos hospitais ou pelo caminho.

Já não se vêem, nas aldeias e pequenas vilas, jogos ou divertimentos; tudo aqui desfalece; tudo está triste porque a alegria e o prazer só se encontram na abundância e eles mal conseguem sobreviver.

De facto, já não há camponeses que tenham algum bem como próprio, o que é um grande mal. Um outro mal, muito pernicioso, é que quase não há trabalhadores equipados. Outrora, eles estavam fornecidos de tudo o que era necessário para a exploração das quintas (…). Hoje, só encontramos jornaleiros sem nada (…).

Mas onde se pode conhecer, melhor que em qualquer outro lado, a miséria dos camponeses é nos seus lares, onde se encontra uma pobreza extrema. Dormem sobre a palha; não possuem outro vestuário senão o que trazem vestido e que se apresenta em péssimas condições; não possuem móveis nem qualquer outro equipamento para a vida: enfim, tudo neles representa necessidade.

 

“Mémoire des comissaires du roi Louis XIV sur la misère du peuple”, in Mémoires des Intendents sur l’ état des Généralités, 1687

 

  1. A partir da análise da fonte, descreve as condições da vida dos camponeses na Europa do Antigo Regime.
Publicado por História às 00:02
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Externato Luís de Camões

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