Quarta-feira, 3 de Outubro de 2012

Os limites e contradições da democracia ateniense

Os detentores de tais direitos eram os cidadãos. Porém, só eram considerados cidadãos os indivíduos livres (não-escravos) do sexo masculino, filhos de pai e mãe ateniense, maiores de dezoito anos e com serviço militar (de dois anos) cumprido. Esses representavam apenas um estrato da população, de modo algum a totalidade. “Em 430 a.C., 30.000 cidadãos, 120.000 familiares, 50.000 metecos, 100.000 escravos, o que dá, para cerca de 300.000 habitantes da Ática, apenas cerca de 10% da população” (Pereira, 1998). Os pequenos comerciantes, marinheiros, lavradores, artesãos, é que constituíam a maioria da população. Assim, a democracia tornava-se o governo da minoria, e não da maioria.

Em consequência desta contradição, ficavam excluídos dos direitos políticos as mulheres, os metecos (e suas famílias) e os escravos.

Era uma sociedade desigual e esclavagista, o que contradiz os princípios da noção actual de democracia.

Apesar disso, “a incorporação de tais pessoas na comunidade política como membros de pleno direito, novidade surpreendente no seu tempo, raramente repetida depois, salva, por assim dizer, parte do sentido da democracia antiga” (Finley, 1988). Além disso, “o princípio da igualdade natural de todos os homens – livres ou escravos – foi proposto pela primeira vez no séc. IV a.C., por um Sofista grego, Alcidamante, e o da igualdade entre homens e mulheres para as mais altas tarefas da polis é, como se sabe, uma das teses sustentadas por Platão na República” (Pereira, 1998).

 

  1. Com base no documento, explicite as principais restrições à democracia plena existente no regime ateniense.
Publicado por História às 00:41
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18 comentários:
De Carla e Cláudio a 25 de Novembro de 2009 às 15:32
Os cidadãos eram aqueles que tinham o direito de participar na democracia. Cidadão é todo o sujeito livre, homem e filho de pais atenienses, com mais de 20 anos de idade e com o serviço militar cumprido.
A Ática, era constituída por cerca de 400 000 habitantes, embora deste total apenas 40 000 eram cidadãos atenienses que juntamente com as suas mulheres e filhos elevavam este número para 120 000 pessoas. O excedente era constituído por cerca de 80 000 metecos (estrangeiros) e 200 000 escravos que foram privados de todos os direitos e inclusive, a sua condição de seres humanos. Segundo a mentalidade da altura, as mulheres serviam para cuidar crianças e dedicar-se ao trabalho doméstico, poderiam assistir às festas do tempo de Hera, deviam passar despercebidas na sociedade e estavam sujeitas à tutela do pai, do marido (depois de casadas) e do filho mais velho (em caso do falecimento do marido). Aos metecos cabiam o exercício do comércio e do artesanato, participação nas festividades, pagar impostos, o cumprimento do serviço militar e o custear dos espectáculos e celebrações. Os escravos tinham a obrigação de obedecer ao seu dono e de trabalhar nos serviços domésticos, campos, oficinas e minas.
Em suma, nos dias de hoje, podemos dizer que qualquer indivíduo é cidadão a partir do momento em que ocorre o seu nascimento, sendo todos iguais perante a lei.


De Maria Seara a 26 de Novembro de 2009 às 21:55
A implantação da democracia na Grécia representou na época um enorme avanço. No entanto, algumas situações, como a existência de uma sociedade desigual e esclavagista, contrariavam os princípios democráticos e inovadores. Outra situação em que se verificava o mesmo era o facto do direito à participação no governo se reduzir a uma minoria da sociedade ateniense – apenas homens, com mais de vinte anos, filhos de pais atenienses e com serviço militar cumprido – excluindo a participação de mulheres, estrangeiros, escravos, etc.
Comparando com esta época, actualmente a democracia em Portugal (e em muitos outros países) é mais justa quanto à participação da sociedade.


De thaynná a 7 de Outubro de 2012 às 05:52
vcs são de + estou muito satisfeita... bjs para quem fica:*


De ana thaynná a 7 de Outubro de 2012 às 05:55
kkkkk. quem está soteira nunca fica só. bjs.


De Mafalda Pinho a 18 de Outubro de 2012 às 16:29
A democracia ateninense, apesar de ser um modelo bastante avançado, para a época, contava com algumas restrições.
Actualmente, a democracia é um modelo político que tem como fundamento a igualdade entre todos, contudo, na época, os atenienses, também assumiam esta premissa, como sua, mas contradiziam-na ao fazerem distinção entre a população da pólis. Isto é, enquanto que nos dias de hoje, um cidadão é qualquer homem ou mulher com mais de 18 anos, em Atenas, apenas eram cidadãos os homens maiores de 20 anos, filhos de pai e mãe ateniense, com serviço militar cumprido, assim sendo, excluíam, mulheres, metecos e escravos, privando-os de participar na vida pública.
A escravatura, era também algo natural para os atenienses, na medida em que o senhor e o escravo precisavam um do outro, porém, nos dias de hoje, esta é uma atitude, anti-democrática.
Umaoutra diferença é a seguinte, enquanto que na democracia ateniense, estava em vigor uma democracia directa, ou seja, existia a participação directa de todos os cidadãos, actualmente, vivemos uma democracia representativa, isto é, os cidadãos elegem os seus representantes.


De Jelox a 17 de Outubro de 2013 às 22:15
Oporque?


De Anónimo a 22 de Outubro de 2017 às 10:48
Podre


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