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Marcello Caetano, Angola (1973)
Angola, Moçambique e Guiné são províncias de Portugal. Os seus habitantes pretos ou brancos, são portugueses. As perturbações da ordem interna, as violências lá produzidas, as agressões por guerrilhas vindas do exterior tê de ser reprimidas e repelidas pelos Portugueses. É um dever e uma responsabilidade nossos.
Pois que havíamos de fazer?
À primeira sacudidela dada por selvagens assassinos e violadores, levantar braços em sinal de rendição?
Entregar às fúrias dos terroristas as vidas e fazendas que, sem discriminação de cor e constituindo a maioria esmagadora da população, não se bandeiam com eles? (...)
Por detrás desses grupos, porém, está o apoio de potências estrangeiras que esperam vir a recolher o espólio de uma capitulação de Portugal.
Porque, não tenhamos dúvidas: uma tal negociação equivaleria a capitulação. (...)
Não está a China por detrás da Frelimo? E não estão os movimentos antiportugueses de Angola e da Guiné amparados à URSS (...).
Não podemos abandonar as terras portuguesas do Ultramar e os nossos irmãos que nelas vivem e nelas construíram os seus lares e forjaram os seus destinos.
Discurso de Marcello Caetano, 3 de Julho de 1972
- Especifique a posição de Marcello Caetano relativamente à independência das colónias.
- Indique as divergências entre Spínola e Marcello Caetano quanto à questão colonial.
De Joana Aguiar a 5 de Junho de 2012 às 16:15
1.Marcello Caetano acreditava que Portugal não poderia deixar-se render e ignorar os ataques dos guerrilheiros (a população negra) contra a população branca, “As perturbações da ordem interna, as violências lá produzidas, as agressões por guerrilhas vindas do exterior têm de ser reprimidas e repelidas pelos Portugueses.”.
Tendo consciência que a força e as capacidades dos guerrilheiros vinham de apoios internacionais, como da China e da União Soviética. Ficando o regime suscetível ao avanço do comunismo, “Por detrás desses grupos, porém, está o apoio de potências estrangeiras que esperam vir a recolher o espólio de uma capitulação de Portugal.”.
Obviamente que este partilhava da opinião do Professor António de Oliveira de Salazar, em que “Portugal começa no Minho e termina em Timor”, os territórios africanos não são mais do que províncias portugueses que é necessário lutar por elas.
De Joana Aguiar a 5 de Junho de 2012 às 16:16
2.Apesar de serem dois homens ligados ao regime ambos tinham perspetivas diferentes decorrente da sua experiencia. OGeneral Spínola viveu de perto os horrores da Guerra Colonial e sentiu na própria pele os erros e as atrocidades que os portugueses cometiam nos territórios africanos. Já Marcello Caetano era um politico que atuava de acordo com aquilo que lhe era ordenado, e sempre em defesa dos interesses do Regime Salazarista. Consequentemente, o primeiro defendia um processo pacífico de independência das colónias e o segundo recusava entregar a independência a “terroristas”, sabendo as consequências económicas que isso trazia para Portugal.
De Ricardo a 5 de Junho de 2012 às 16:26
No início dos anos 70, a guerra nas colónias chegara a um impasse: não se vislumbrava a vitória militar. A questão colonial parecia um beco sem saída que esgotava os recursos nacionais (40% do orçamento de Estado era aplicado no esforço de guerra), envolvia em risco de morte os cidadãos nacionais (7% da população activa masculina foi chamada a intervir na guerra) e favorecia o crescimento da contestação interna e externa. Perante uma vaga crescente de contestação à guerra, tornava-se cada vez mais difícil para os portugueses seguir a tese de Marcello Caetano segundo o qual os povos da Guiné, de Angola e de Moçambique não queriam a independência de Portugal, tratando-se de guerrilhas de “selvagens assassinos e violadores”.
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