Samora Machel e soldados portugueses, Moçambique (1969)
Qual a razão dos nossos sacrifícios? Por que motivo o inimigo se mostra tão intransigente e cruel? (...)
Eles dizem que nós somos uma raça inferior e atrasada, como costumes primitivos, um Povo ignorante que deve ser educado pela raça superior e avançada, cheia de bons costumes e de sabedoria. a Constituição portuguesa é civilizar os bárbaros que nós somos. Eles repetem continuamente este argumento, muito embora toda a gente veja que em Portugal há mais de 40% de analfabetos, que a miséria dos camponeses e do povo português é enorme, o seu obscurantismo não é inferior ao nosso e têm tantas ou mais superstições do que nós, embora diferentes.
Samora Machel, Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas, 1974
- Refere os argumentos utilizados pelo autor na defesa da independência de Moçambique.
De Joana Aguiar a 5 de Junho de 2012 às 16:16
Os argumentos do autor presentes neste discurso especificam a revolta que os africanos sentiram durante este processo violento colonizador.
Como regime totalitário que era, o regime de Salazar acreditava na força da “raça superior”. Nas palavras de Samora Machel vê-se o racismo presente na atuação dos portugueses “Eles dizem que nós somos uma raça inferior e atrasada, como costumes primitivos, um Povo ignorante que deve ser educado pela raça superior e avançada, cheia de bons costumes e de sabedoria.”.
A verdade é que para eles este argumento não fazia qualquer sentido já que Portugal era um país que de nada tinha de superioridade. Um país maioritariamente ruralizado, analfabeto, atrasado e ultrapassado, “toda a gente veja que em Portugal há mais de 40% de analfabetos, que a miséria dos camponeses e do povo português é enorme”.
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